terça-feira, 27 de outubro de 2009

O Beijo

Não há bem como esse no mundo
Se não me enlouquece e me cura
Todo o mal são deixados
Todos os bens e alegrias são impostos

Não há bem assim, não há amor sem
A súplica dos teus beijos
Nos olhos serrados, fechados
O encontro dos lábios
Encantos, encantos

Cura do desejo ardente de amar
O beijo, fuga incessante do mundo
O beijo sonho incansável
A recíproca profunda fiel

No mundo não há nada como o beijo
O beijo da amada, o beijo de mãe
Beijo de proteção, adoração
Me interno na clínica do teu beijo

Se for louco achei meu tratamento
Seu beijo, o fim do meu tormento.

sábado, 24 de outubro de 2009

livres rosas? adeus

A ordem
Podar do jardim as suas flores
Eles chegam e derrubam
Sem jardim, adeus flores. Adeus!
Liberdade, adeus. Eles chegam logo
Se foi o dia, se foi a noite
Exageros nos canos do rifle
Segura o gás lacrimogêneo
Adeus flores. Segure seu jardim
Adeus poesia e alegria
Segurem suas crianças
Os cavalos, a cavalaria
Foi-se o tempo de segurança e amor
Amor antes das 21 horas
Depois... Prisões, torturas...
Adeus liberdade, adeus rosas
Cadê o meu teatro? Não tenho peças
Eu me vou...
Jardim. Ame-o ou deixe-o
Suas flores nunca mais serão as mesmas.

terça-feira, 13 de outubro de 2009

Área de Radiação

Minha cabeça está com cólica porque a minha mão não para de dançar aquele frevo que o Led Zeppelin tocou no saxofone do Dylan. Esse gato latindo, para o afinador cego do violão sem cordas, não corre atrás do rato voador que voou sobre a minha perna presa nas fezes do elefante que comia farinha com Whisky falso. Preciso ainda hoje fumar aquele charuto da Brahma para relaxar antes de dormir e sonhar com o sol nascendo sobre as areias do cerrado repleto de chuva ácida. Não entendo como o camelo levando aquele homem bêbado ainda consegue dar a partida e bater nos postes de borracha molhado com o sereno da tarde linda e também não sei como o avestruz voou em cima daquela pessoa que não bebe e estava indo à igreja, mas por incrível que pareça ainda uma asa caiu em suas mãos e ela voou junto sem reclamar o sol que molhava seu rosto. Não vou mais reparar no locutor bêbado da noite insólita. Não vou! - Aqui está quente, não acha? - E quando ela pediu um trago no arguile com cheiro de maçã verde queimando a água fria em seu leito amante do vazio simples, apenas delirei e a vi assoprar o líquido que saiu naquele copo preso dentro de uma mangueira azul como um fio sem o interruptor. Não compreendo! Não quero compreender como meu mundo é complexo e desinteressante, mas ainda quero curtir o resto do da minha vida sem interrupções, porque o desinteresse é que me deixa feliz. Sim! - Garçom, me vê um copo de Whisky com gelo. Obrigado - Pronto, agora eu durmo feliz e incansavelmente bêbado!

sábado, 10 de outubro de 2009

brasiliando

aqui não há moinhos de vento
nem no boteco nem no convento
me sinto livre, leve
e que a pena leve, levará
meu Brasil a deus dará

terça-feira, 6 de outubro de 2009

Lua

Nos rastros da minha memória
Cabeças rolam, corpos desenrolam
Na luz da lua desliza a seda
Arrepio grande no frio da noite
É rolar os pensamentos agora
Amar o amor verdadeiro
Sentir a recíproca dos meus beijos
Nos seus olhos e seus braços
Seus passos são leves
Sem dó passarão por mim
Mas não pise, na luz da lua
Não pise, ainda temos a noite inteira!

sexta-feira, 2 de outubro de 2009

Olhos secos de um chorão

Caminhadas longas, tristes lembranças
Os olhos arregalados sem lágrimas
Choros internos misteriosos
Mas não sussurra, corre

Como fotografias desbotadas
O tempo desnutriu a saudade
As lágrimas que nunca caíram, secam
Jorra dores, anseios.

O pensamento pasmo, o coração em pó
Não é mais sonhos, talvez real
Mas soluço os seus beijos
Enxugo o suor frio e vivo

Pela fraqueza ou pela paixão
Esses são os olhos secos de um chorão